Além do foco no tema da re-descentralização, as atividades foram todas programadas em torno das quatro trilhas principais: Tecnologias Open Web, Segurança e Privacidade, Web Payments e Trends do W3C.

O evento contou com a abertura protagonizada pelo pesquisador do MIT Andrei Sambra, que discursou em prol da  urgência da re-descentralização da Web. Em seguida, foi a vez do outro keynote speaker Adrian Hope-Bailie apresentar o que espera do futuro dos Web Payments. Passada a apresentação dos convidados estrangeiros, a conferência continuou com a distribuição de palestras momentâneas no palco 360°, novidade do e na sala Medusa.

A programação com eventos paralelos continuou na manhã do segundo dia do evento até o fechamento com os painéis dos keynotes Phil Archer (W3C), Deirdre Lee (Derilinx) – falando sobre Dados Abertos na Web – e Sunil Abraham (CIS India) e Lêda Spelta (Acesso Digital) – discutindo a Universalidade na Web.

Também foi anunciada na Web.br 2015 a abertura das inscrições para o Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web, organizado pelo Ceweb.br, NIC.br e CGI.br em parceria com o W3C Brasil. A premiação irá homenagear o melhor projeto Web acessível, um website ou um sistema que não cria barreiras de acesso para pessoas com deficiência. As inscrições podem ser feitas aqui.

Que venha a Web.br 2016!

Os Keynote Speakers do painel Dados Abertos na Web reforçaram a importância de lidar com os dados da maneira correta, principalmente aprendendo a conectá-los da melhor maneira quando necessário.

“Usem a Web, mas, por favor, não a usem apenas como um cabo USB. É preciso unir os dados e aplicações para tentar fazer algo novo. Temos de aprender a pegar os diferentes dados de muitos lugares diferente e juntá-los quando for necessário. Temos que ter a habilidade de poder conectar todos os dados de todo mundo”, destacou Phil Archer.

“Você pode conseguir seus dados de muitos lugares diferentes. Mas os dados de boa qualidade, prontos para usar, são raros. Oferecemos padrões que podem melhorar como encontrar e conectar esses dados de uma forma simples e direta”, acrescentou Deirdre antes de mostrar o trabalho feito à frente da  Derilinx com dados abertos.

Em seguida, foi a vez de Sunil Abraham e Lêda Spelta subirem no palco e lembrarem como o acesso à Internet deve ser universal. Só assim pode representar um caminho para desenvolvimento social, além de contribuir para a construção de uma sociedade inclusiva e não discriminatória.

Sunil revelou que 37% dos analfabetos adultos do mundo estão na Índia. E é justamente por isso que a criação de tecnologias acessíveis é tão importante no país, além de também funcionar duplamente na ampliação do alcance da Web: “No nosso caso, precisamos ajudar pessoas a acessar diretamente a Internet e, para isso, utilizamos o mesmo tipo de tecnologia necessária para o acesso de pessoas com deficiência”.

Lêda Spelta, por sua vez, destacou que a universalidade deve ser encarada como o resultado de uma série de ações e não como um meio. “A universalidade é mais um fim do que o princípio. Por que brigamos pela privacidade, neutralidade, diversidade, inovação, entre outras causas? É para que o resultado seja justamente a universalidade”, ponderou.

“Estou há 14 anos falando as mesmas coisas, então deve ter algum problema com isso. Infelizmente, acessibilidade continua sendo um problema atual quando não deveria mais ser. Não temos que discutir apenas técnicas de acessibilidade, mas sim analisar por que as coisas não mudam. Caso contrário o efeito do nosso trabalho será sempre pequeno e não poderemos transformar nada”, ressaltou Lêda.

Palco 360° da Web.br 2015

Escolher uma palestra em meio a tantas boas opções na Web.br 2015 não é uma tarefa fácil. O segundo dia da conferência começou com mais de dez de apresentações no palco 360°, além da realização dos workshops na sala Medusa. Os temas variaram desde a necessidade da re-descentralização na Web até a importância da Segurança e Privacidade para todos.

Uma das palestras mais disputadas da manhã desta quarta-feira foi a da desenvolvedora front-end e back-end Talita Pagani, que ensinou “Como fazer as pazes com o CSS”. Ela admitiu que a linguagem muitas vezes não é bem vista pelos profissionais, mas reforçou que é uma ótima opção se usada corretamente. A palestrante passou uma série de dicas para o melhor uso do CSS como:  fazer o markup inicial com toda a estrutura, sempre definir o que é reutilizável, nomear classes e IDs, e muito mais.

Outro destaque desta quarta foi a apresentação de Felipe Sanches, que abordou o Projeto MAME e a preservação histórica de dispositivos eletrônicos na Web. O MAME (Multiple Arcade Machine Emulator) é uma iniciativa que luta pela conservação de sistemas e equipamentos que rodem algum tipo de software, como jogos e outros aplicativos.

“Você não põe fogo em livros só porque discorda deles. O mesmo serve para artefatos culturais eletrônicos. Com o MAME estamos a um clique de saber como era o ponto de vista de um artefato ou jogos antigos”, destacou o especialista.

Talita Pagani fala sobre o bom uso do CSS

Com o crescimento da internet das coisas, o REST se tornou uma ótima solução para construir aplicações mais sólidas. O tema foi abordado nesta manhã por Leonardo Ruoso, Arquiteto de Soluções na Tata Consultancy Services. O especialista destacou a mudança do perfil da equipe de Front End para trabalhar com o REST. “Os profissionais devem ter um trabalho mais sofisticado para interpretar metadados e hiperdados”. Durante o workshop, ele demonstrou os passos necessários para desenvolver aplicações com base na tecnologia.

A Lei de Acesso à Informação determina que as instituições públicas disponibilizem os dados na internet. Mas que tipo de dado pode ser disponibilizado? Quais os cuidados para abrir informações, por exemplo, de alguém que está sendo tratado no sistema de saúde? Este foi o tema da discussão sobre Boas Práticas com a participação de Bernadette Farias Lóscio, Ig Ibert Bittencourt, Giancarlo Guizzardi e Wagner Meira Jr.

“Todos nossos dados são públicos hoje. Nossa operadora de celular sabe onde estamos o dia todo, por exemplo. Os dados existentes devem ser acessíveis para que cada indivíduo faça o uso que achar mais adequado. Além disto, as informações precisam ficar disponíveis para novas utilizações”, destacou Meira Jr.

Além das palestras e workshops, o dia também contou com a apresentação das Lightning Talks. Renan Carvalho, Caio Lucena, Rodrigo Layola e Antônio Castanheira se dividiram e demonstraram seus temas vencedores com espaço exclusivo na conferência.

Confira como foram as apresentações do primeiro dia da Web.br 2015.

“Você tem que aceitar os termos de uso do Facebook e do Twitter se quiser conversar com alguém que usa essa rede. Você não tem opção e deve ter uma conta nesta mídia”, explicou.

“Por que não queremos essa centralização? Desta forma, estamos sujeitos à espionagem com a perda de privacidade; os termos de serviço nem sempre são aceitáveis e acabam impedindo a concorrência e, além disso, tem a exploração comercial com as propagandas”, completou o palestrante.

De acordo com Cascardo, todas as vezes que termos de serviços de algumas instituições são aceitos, tudo aquilo que é publicado pelo usuário pode ser modificado. Os dados postados não pertencem mais a ele e sim a este contrato que aceitou.

O desenvolvedor sugeriu diversos projetos que permitem ao usuário ser totalmente dono dos seus dados e suas aplicações. As iniciativas vão desde servidores caseiros até mudanças nas arquiteturas das aplicações na Web, apesar de o Brasil apresentar um grande problema que é a internet de energia elétrica que as pessoas têm em casa.

 “Na hora de desenvolver, pense se tem alguém para compilar esse script”, afirmou. “É necessário pensar na interoperabilidade da aplicação, protocolos e formatos padrões são essenciais para permitir migrações de dados e troca de prestados de serviço”, concluiu.

“O HTPP/2 torna tudo mais rápido para o desenvolver e para o usuário. Não há nenhuma razão para os profissionais não começarem a usar a tecnologia assim que saírem da Web.br 2015”, reforçou o palestrante.

Entre os benefícios citados pelo palestrante estão performance, leveza, segurança. “Hoje as maiores empresas do mundo já aderiram à tecnologia, como Facebook, Twitter e Google”.

O novo protocolo é suportado pelos browser mais atuais. E, no caso das versões mais antigas, o HTTP/1 será acionado, sem nenhum prejuízo para o usuário.

O que muda do lado do desenvolvedor?
Todo o conhecimento sobre HTPP/1 que os profissionais já têm continua sendo necessário, pois a nova versão é apenas uma atualização.

Lopes explicou ainda que a maior parte das funcionalidades do HTTP/2 faz parte do pacote. O único para começar a utilizar a plataforma é inserir o htpps no site, caso ele ainda não tenha. “Hoje em dia isto é muito barato, na maioria das vezes até gratuita e qualquer um pode instalar”. Além disso, para aproveitar todas as funcionalidades do protocolo é indicado instalar no browser o Server Push.

Leia mais sobre o HTPP/2:

]]> http://conferenciaweb.w3c.br/2015/como-trabalhar-em-equipe-sem-matar-o-coleguinha/ Tue, 22 Sep 2015 18:48:55 +0000 http://conferenciaweb.w3c.br/2015/?p=3152 Deblyn Prado e Newton Calegari, co-workers no Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br, apresentaram cases de sucesso e ferramentas utilizadas para conseguirem “Trabalhar em equipe sem matar o coleguinha”.

“O primeiro grande problema que o pessoal de front-end encontra é com o CSS, a folha de estilo tem o problema chamado manutenção. Fácil de entender e impossível de ser manuseada em três meses de projeto” afirma Deblyn.

A estrutura  no Sass (método para o CSS) com a possibilidade de trabalhar com variáveis mixins, sprite e CSS minificado foi utilizada pela dupla. Assim como reutilizar o HTML foi um conceito muito importante abordado junto com o Jekyll que permite utilizar:  componentes HTML, templates, IF, for and while, dados independentes da estrutura.

O SCRUM foi outra metodologia adotada e adaptada na rotina de trabalho para reuniões diárias, reunião semanal de sprint e kanban. Em termos de tecnologia foi essencial o uso do GIT: ferramenta de controle de versão, duas pessoas conseguem trabalhar juntas e ter integração.

A utilização de diagramas UML serviu para modelar parte do sistema e compartilhar uma ideia do que seria implementado. Deblyn  e Newton aconselham para que não haja confusão do que deve ser feito, mas que todos possam se compreender de maneira efetiva. “Uma recomendação é testar antes de colocar em produção, se pode dar errado vai dar errado.”

De acordo com o palestrante, 17,6 mi de consumidores virtuais realizaram pelo menos uma compra no primeiro semestre de 2015 (com dados do WebShoppers). Mesmo com a crise, o faturamento total do e-commerce brasileiro no período foi de 18,6 bilhões, aumento de 16% comparando com o primeiro semestre do ano passado.

“As pessoas estão querendo mudança e inovação na experiência de compra, como a experiência pós-paga. Assim, você oferece a chance de crédito e uma série de outras facilidades para o comprador”, afirmou o palestrante, sugerindo a opção de pagamento somente após o recebimento do produto pelo cliente.

Entre as novidades do novo modelo de e-commerce sugerido por Marcos está a não necessidade de realização de cadastro do comprador, oferecimento de dados financeiros e a aprovação de crédito instantânea, além da possibilidade de parcelamento.

Mas o sistema de e-commerce pós-pago também poderia oferecer um risco de inadimplência para o lojista. É ai que entra o modelo de segurança oferecido pela Koin, que se responsabiliza pela cobrança dos itens, seja ela parcelada ou não.

“É possível mudar a experiência do comprador no e-commerce, saindo do modelo ‘paga antes que eu te mando depois’. Nossa abordagem é ao contrário, dando o conforto para a loja não se preocupar com os riscos”, concluiu Marcos.

“A Web foi pensada para que qualquer um pudesse acessá-la e aproveitar suas informações de maneira universal. Hoje em dia, temos uma grande diversidade de navegadores, plataformas e dispositivos. Além disso, cada pessoa tem as suas próprias limitações”, comentou o palestrante. “Temos que pensar em todos os tipos de situação para que tenhamos essa Web universal”.

Uma das soluções está justamente na prática do Progressive Enhancement. O conceito por trás do Progressive Enhancement é o de começar o design das funcionalidades Web normalmente e ir acrescentando pequenas melhorias aos poucos, progressivamente, para todos os navegadores. Ou seja, começar pelo limitado e funcional. O resultado esperado é um site pronto para todos tipos de aplicação.

“O HTML tem que ser o nosso ponto de partida. Temos que tentar entregar toda a base do conteúdo em HTML, o que é possível na maioria das vezes. Mas para isso é preciso pensar em um HTML semântico e bem especificado”, explicou o palestrante.

Luiz Corte Real preparou a criação de uma página com uma playlist especialmente para demonstração na Web.br 2015. O desenvolvedor exibiu como utilizou as técnicas do Progressive  Enhancement pensando sempre na funcionalidade da página, primeiro em HTML e depois em Java e CSS.

Bailei falou da necessidade de padronização de todos os pagamentos na Web. O palestrante destacou que não há uma forma compartilhada de informações do pagamento na Web e que isso afeta diretamente as operações e experiências do usuário final.

“Mudar o comportamento do usuário é difícil. Precisamos adaptá-los e facilitar suas vidas em pagamentos no mundo digital. Mandar dinheiro deveria ser tão fácil quanto mandar um e-mail”, destacou Adrian.

Uma das principais questões relacionada aos Pagamentos via Web no Brasil é o alto custo das operações. O país é o mais caro para se receber dinheiro depois da China. De acordo com Bailei, a solução para este problema está no estabelecimento de padrões abertos para os pagamentos.

“Treinar as pessoas é uma das coisas mais difíceis de fazer” afirmou. “A iniciação do pagamento e a infraestrutura são problemas que atualmente são encontrados nas plataformas de Web Payments. Uma das soluções é  estabelecer um fluxo consistente e eficaz para os usuários”.

“A Web centralizada é ruim e perigosa para todos. Seus dados devem pertencer a você apenas, assim como o controle do que acontece com eles. Quem decide quem tem acesso ao que? Temos que estar ligados a isso”, afirmou o Speaker.

Andrei Sambra comentou alguns esforços que podem ser feitos para ajudar na abertura da Web. Ele defendeu a aplicação de regulamentações nacionais ligadas à internet para construir uma experiência segura para todos os usuários. “Essa regulação tem que ser feita de maneira aberta e transparente, é claro”, completou.

O pesquisador também passou alguns dos conceitos que implementa na plataforma SoLID, sugerindo o uso de padronizações, além de pedir a ajuda para todos compartilharem suas ideias em prol da abertura da Web.

“Temos que trabalhar juntos. Nosso recurso mais valioso é o intelecto coletivo. Não pegue o caminho fácil. Pense em como pode mudar o problema e fazer seu software e servidor mais seguro e privado”, concluiu o Speaker.

Andrei Sambra (@therealdeiu) é um dos principais nomes relacionados à descentralização da Web, com suporte da W3C. Ele também trabalha ao lado do conceituado professor Tim Berners-Lee no MIT com “Small Data” – armazenamento equivalente ao “Big Data”, mas com dados desenvolvidos em escalas menores para serem compreendidos e analisados mais facilmente.