agosto 17, 2017
Quando a internet surgiu trazia a ideia de liberdade. Com ela, nascia um sentido amplo de nos conectar com o mundo e com outras pessoas e ideias. Seríamos protagonistas das nossas escolhas e esse seria um terreno neutro. Entretanto, a personalização dos feeds e a forma que a informação navega na internet ainda é invisível e o nosso poder de escolha é refletido em bolhas que nos isolam em clusters, nos cercando de informações editadas por algoritmos sem o nosso conhecimento.
Você já deve ter ouvido falar em notícias falsas ou enviesadas (isto é, parciais). Elas se proliferam rapidamente no mundo digital e afetam a realidade. No mundo das notícias, o editor de um jornal é responsável por realizar um filtro nas informações que serão publicadas no jornal. Esse processo não é perfeito ou parcial, mas não exclui a nossa chance de procurar em outras fontes a veracidade de uma notícia.
Com os filtros-bolha isso é diferente. O Facebook, por vezes, é utilizado para a proliferação de notícias falsas e, diferente de um jornal que conta com o discernimento de um humano, nas redes sociais é um algoritmo que faz a seleção do que eu ou você devemos receber de informação – falsa ou não – no nosso feed de notícias, baseado em assuntos ou temas que são de nossa preferência. Esses “algoritmos-editores” não são programados para verificar informação e apresentar maior diversidade de notícias e opiniões. O objetivo é oferecer o conteúdo mais próximo daquilo que interessa/agrada. Não há nenhum compromisso editorial com o que você lê ali e o Facebook foi somente um exemplo – outras empresas fazem essa personalização do feed criando os filtros-bolha.
Uma vez que todos podem ser produtores de informação na Web, para identificar uma informação manipulada é preciso um sistema complexo de verificação. É necessário pensar em processos e políticas editoriais mais transparentes pelas empresas, além do fator humano, onde a personalização não pode ser confundida com manipulação.
Para tentar amenizar parte do problema, já há grupos especializados em averiguar informações, como é o caso da Agência Lupa, a primeira do Brasil a se dedicar exclusivamente a separar o joio do trigo na Web.
Cristina Tardáguila, editora e fundadora da Agência Lupa, será uma das palestrantes da Conferência Web.br 2017 e contará um pouco mais sobre os produtores e disseminadores de notícias falsas e o trabalho realizado pela equipe da Lupa.
A Web.br 2017, um dos principais eventos de desenvolvimento Web do Brasil, será realizada dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo. Para participar, inscreva-se pelo link:
http://conferenciaweb.w3c.br
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